O presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Edmundo Ferraz, afirmou ter sido informado sobre cerca de 20 casos de infecções por micobactérias em Pernambuco neste ano, dado que não consta das estatísticas atuais da Anvisa. "Como não há notificação compulsória ainda, eles são a ponta do iceberg", disse o presidente, que explica ter tomado conhecimento do problema por relatos informais de colegas de serviços privados.
A notificação compulsória das infecções por micobactérias tem sido defendida também por outros especialistas, liderados pela pneumologista Margareth Dalcolmo, assessora do Ministério da Saúde. Em junho deste ano, eles encaminharam a reivindicação ao Ministério da Saúde. Outras medidas também são cobradas, como aprofundamento de estudos sobre o glutaraldeído, produto utilizado para desinfetar instrumentos de limpeza. Dalcolmo diz que deve haver suspensão do uso do glutaraldeído até que se concluam as investigações.
"O fato é que há muito tempo se desaconselhava o produto e se recomendavam métodos de esterilização", disse Mara Machado, diretora da IQG, empresa que realiza acreditação de hospitais e que despachou recomendação para que unidades certificadas não utilizem mais o produto.
Segundo Rafael Duarte, microbiologista da UFRJ que analisou três marcas do produto, a Anvisa não respondeu ainda à solicitação de auxílio para aprofundar as análises com outras marcas.
Em junho deste ano, Duarte apresentou estudo no Encontro Nacional de Tuberculose em que apontou que as amostras de glutaraldeído não teriam matado as micobactérias envolvidas na epidemia atual, mesmo após dez horas de exposição dos microrganismos ao produto, o que denotaria resistência das bactérias. "Para mim, a causa da epidemia é multifatorial."