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Medicamento sobe 5% e alarma consumidores

            Os remédios ficarão, a partir dessa quinta-feira (6 de abril), até 5,51% mais caros. A autorização foi concedida pelo governo federal para que a indústria farmacêutica reajuste os valores de mais de 20 mil medicamentos terapêuticos sujeitos ao controle de preços. Ficam de fora do reajuste apenas os fitoterápicos e os homeopáticos. Os reajustes variarão de acordo com o remédio, levando em conta a disponibilidade de genéricos do produto no mercado – a média será de 3,97%.

 

            O presidente do Conselho Regional de Farmácia do DF, Hélio José de Araújo, afirma que o reajuste é desnecessário. Ele argumenta que o insumo para a fabricação dos medicamentos é cotado em dólar, que vem sofrendo queda nos últimos tempos.

 

            – Não sei a justificativa e muito menos os cálculos utilizados para esse reajuste. Desconhecemos que os insumos tenham tido alta nos preços originais. Se fosse velar em conta o mercado financeiro, os remédios realmente tinham que sofrer um reajuste, mas com a diminuição dos seus valores. Mas eu duvido que isso ocorra – diz o presidente.

 

            Hélio José reforça que pretende entrar com uma ação na Justiça, junto com o Instituto de Defesa dos Usuários de Medicamento, alegando ser abusivo os novos valores. O presidente do Sindicato do Comércio de Produtos Farmacêuticos do Distrito Federal, Adelmir Santana, explica que o reajuste da indústria farmacêutica só acontece uma vez por ano, que a nova variação de preço, depois desta, só ocorrerá em abril de 2007.

 

            – É previsto que em abril seja realizado esse reajuste. Não considero abusivo. Mas confesso que não sei dizer como ele é calculado. Pelo meu conhecimento as indústrias repassam todos os cálculos para a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), ligado ao Ministério da Saúde, que se responsabiliza em definir o índice da correção.

 

            De acordo com a CMED, os reajustes foram definidos com base na inflação acumulada entre março de 2005 e fevereiro deste ano – 5,51%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado no início de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O limite calculado para 2006ficou menor queos aplicados nos dois últimos anos – 7,39% em 2005 e 6,2% em 2004.             A indústria farmacêutica vê como necessário o reajuste. Em nota oficial, a Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), alega que o índice estipuladoainda é considerado baixo, não cobrindo as perdas do setor acumuladas nos últimos anos.

 

            – Como vem acontecendo há anos, o índice não recompõe as variações de custo acumuladas da indústria farmacêutica, pois, desde a instauração do atual mecanismo de controle de preços, são adotados critérios que, por falhas técnicas, não refletem a realidade econômico-financeira do setor – diz a nota.

 

            Mesmo alegando queda no setor, o faturamento dos laboratórios no ano passado foi R$ 2,2 bilhões superior ao de 2004. As cerca de 500 empresas do setor farmacêutico faturaram R$ 22,2 bilhões em 2005.

 

            Consumidor -Quem não anda muito feliz com o reajuste são os donos de farmácias. O gerente de uma rede de farmácia, Alex Silva, afirma que as vendas estão caindo ano a ano. Ele diz que quem tem recursos passou a comprar genéricos e quem não tem não consegue comprar.

 

            – Tem gente que chega na farmácia com uma receita com três remédios e pergunta para o balconista qual é o mais importante, porque o dinheiro só dá para um.

 

            A funcionária pública Leony Schemes, 53 anos, já começa a fazer os cálculos de quanto irá gastar com saúde a partir de agora. Por mês, a despesa com medicamentos é de R$ 350. Com o reajuste, estima que esse gasto suba para quase R$ 500:

 

            -Tomo quatro medicamentos por dia e infelizmente não tenho como suspendê-los. Boa parte do meu salário fica comprometida com medicamento. Agora, o governo inventa um reajuste do nada. É difícil de entender. Vou ter que procurar o meu médico para saber se há opções mais em conta – afirma.