Sem remédios, com telefone cortado e um único médico, Hospital de Porecatu enfrenta dificuldades no atendimento
Imagine um hospital sem gaze para tratar ferimentos, com telefone bloqueado para efetuar chamadas e com receitas e prontuários médicos preenchidos em folhas de caderno. Some a isso um único médico de plantão por dia e um setor de emergências cujo raio-x, no caso de o operador estar em férias, simplesmente não funciona. Esta é a situação que moradores de Porecatu (85 km ao norte de Londrina) vêm enfrentando ao buscar socorro no único hospital da cidade.
Segundo denúncias feitas à Folha por alguns moradores, os casosdescritos são somente parte do que tem acontecido no Hospital Municipal Egas Penteado Izique nos últimos meses. No local, a reportagem pôde constatar não somente a demora no atendimento fato que, aliás, não foge muito à realidade de outros hospitais públicos brasileiros , como a falta de papel timbrado tanto para o cadastro de pacientes quanto para o receituário dos médicos.
Inconformada com a situação, a dona de casa Lucinéia da Silva, de 25 anos, conta que, domingo passado, passou por momentos de apuro no hospital depois que a filha Nagella Thayza, 9, engoliu um anel de plástico. ”Fui com ela até o Egas e, sem funcionário para tirar o raio-x, me pediram para voltar na segunda, quando seria encaminhada a Florestópolis. Pedi para ligarem, e o atendente disse que o telefone estava cortado. E se minha filha morresse engasgada até lá, quem pagaria por isso?”, questiona.
Já o filho da restauradora de móveis Sidnéia da Silva Rodrigues, de 29 anos, teve destino diferente: a própria casa. ”Ele cortou a cabeça e deram três pontos, mas eu teria que comprar a gaze para fazer os curativos”, diz. Qual foi a solução? ”Não tinha dinheiro para comprar, fui para casa e lavei o machucado dele com água e sabão. É o jeito”, conclui, lembrando que semanas antes o apuro havia sido outro. ”Ele comeu por engano a planta ‘Comigo-ninguém-pode’ e foi envenenado. Como não tinham ovos no hospital (para fazê-lo vomitar com a clara), tive que buscar em casa”.
Questionado sobre a suposta precariedade das condições de atendimento, o secretário municipal de Saúde de Porecatu, Roberto Figueron, admite que a situação no Egas municipalizado em 1989 e construído pela iniciativa privada na década de 50 é preocupante. ”Quando se tem dinheiro, é fácil administrar. Realmente pedimos à população que compre os remédios receitados, quando necessário, já que houve uma diminuição da receita do município”, reconhece. Quanto ao telefone, ele afirma que ”tudo não deve ter passado de um deslize da contabilidade da Prefeitura; a situação já foi regularizada com o pagamento da fatura”. Por outro lado, ele nega que estejam faltando formulários. ”Temos uma gráfica para isso, não sei o que está acontecendo”, resumiu, adiantando que tomará medidas para que a padronização seja retomada. ”Hoje trabalhamos no limite, não temos condições nem de fazer estoques, mas pelo menos o básico será garantido.”
“Sou de Porecatu e fico indignado como o descaso da atual administração. Quando foi para se eleger prometeu enfase total na saúde e educação, infelizmente não teve a honestidade prometida para comprir as promessas. As eleições são no próximo ano; serão que terão a coragem de tentar a reeleição?”
Jose Antonio Oliveira Santos, Londrina
“Lamentavel esta situação. Onde chegamos.Nasci neste Hospital, na época éra referencia na região em atendimento e médicos capacitado.Isto deve muito a administrações anteriores e atual. Lamentável”.