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O preço dos planos de saúde

Como todo e qualquer preço ligado a uma prestação de serviço, o preço dos planos de saúde privados leva em conta basicamente quatro fatores. O custo direto dos serviços, o custo administrativo da operadora, os custos comerciais e o peso da carga tributária. A soma destas variáveis acrescida do necessário para pagar os investimentos e a margem de lucro quando for o caso, é o preço básico do plano de saúde, que depois será individualizado levando em conta as variáveis individuais de cada participante, como idade, estado de saúde, sexo, padrão do plano, etc.

Como o desenho dos planos de saúde privados brasileiros pode variar muito, em função do tipo de operadora e do serviço disponibilizado por ela, eles variam também de preço, justamente pelo tipo de operação envolvida com cada um. É assim que um plano que utiliza rede de hospitais próprios tem uma estrutura de custos diferente da de um plano que reembolsa as despesas hospitalares feitas de forma livre pelo segurado. E esta situação se repete quando comparamos um plano de reembolso de livre escolha com outro que utiliza uma rede credenciada de prestadores de serviços.

É por isso que alguns planos que parecem semelhantes têm diferenças de preços gritantes. De verdade eles são produtos completamente diferentes, tanto no conceito, como na forma de suas respectivas operações. E é exatamente por isso que os aumentos lineares de preços, levando em conta, normalmente, a variação da inflação, podem criar distorções imensas, gerando lucros absurdos para uns e prejuízos de monta para outros.

O erro fundamental desta metodologia é que não existe uma ligação direta entre os custos do atendimento à saúde e a variação da inflação. A inflação neste caso é apenas uma variável, e nem sempre a mais importante. A medicina moderna, ao mesmo tempo que nos torna quase eternos, sofre um aumento constante do custos, pela introdução de novas drogas e novos equipamentos muito mais sofisticados e por isso, também, muito mais caros.

Não há como comparar o preço de uma máquina de abreugrafia com um tomógrafo computadorizado. E esta comparação extremada é verdadeira para equipamentos, drogas e custos de mão de obra especializada.

Como estes custos precisam ser amortizados em espaços de tempo cada vez menores, permanentemente pressionados pelos avanços tecnológicos e científicos que tornam as descobertas e implementos de ontem de manhã ultrapassados no final da tarde, a única solução é a sua transferência de forma brutal e quase a vista para os preços dos serviços executados.

Daí os preços da medicina estarem explodindo no mundo, gerando problemas muito semelhantes aos nossos tanto em países ricos, como em países pobres. A grande diferença entre o Brasil e os países ricos é capacidade de custeio. Enquanto nós, em média, mal e mal gastamos mil reais por ano, os americanos, por exemplo, gastam perto de três mil dólares por cabeça com seus planos de saúde. E é preciso dizer que nosso atendimento não costuma ser pior que o deles, o que nos dá, pelo menos, um grau de eficiência operacional muito maior, já que fazemos a mesma coisa muito mais barato.

Só que não é possível equiparar planos diferentes e com estruturas diferentes para efeito de reajustes de preços. E é aí que está o grande pecado da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS – ao conceder aumentos lineares, levando em conta a inflação, ou a simples demagogia, como também tem acontecido.

Enquanto alguns planos com estruturas de custo baratas ganham uma fortuna com estes aumentos, outros, com estruturas caras, amargam prejuízos de vulto e que os obrigam, depois de um certo tempo, a solicitarem os chamados reajustes técnicos para re-equilibrarem suas contas.

Acontece que nem todas a contas ficam ruins só por conta dos aumentos anuais autorizados, e aí cabe a pergunta: será que nestes casos autorizar o reajuste técnico é correto? A resposta fica para o próximo artigo.