Entidade privada que faz 2 milhões de atendimentos por ano merece promoção. A agência Y&R está colocando no ar uma campanha da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ao longo do ano a DPZ estará desenvolvendo o programa de reposicionamento da imagem da instituição junto à sociedade brasileira. E as duas grandes agências de publicidade fazem isto por conta da responsabilidade social, já que tanto uma como a outra não cobram pelos respectivos trabalhos.
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é uma das instituições mais antigas do Brasil. Sua história remonta ao século XVI, sendo que o primeiro documento escrito que prova sua existência é o recibo das velas do velório de Tibiriçá, de 1560.
Ao longo destes séculos a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo prestou e presta os mais relevantes serviços, não só para cidade de São Paulo, mas para toda a população brasileira, que a procura, principalmente por meio de seu Hospital Central, como último refúgio para curar suas mazelas e tratar sua saúde.
Até final do século XIX ela era o único hospital da cidade e praticamente a grande responsável pelo tratamento médico-hospitalar de toda a população do estado, já que eram poucas as unidades de saúde, todas também Santas Casas, espalhadas por algumas outras cidades paulistas, como Santos, que tem a mais antiga Santa Casa do Brasil.
As Irmandades de Misericórdia são das instituições de funcionamento ininterrupto mais antigas do mundo. A primeira foi criada em Lisboa, no final do século 15, pela rainha D. Leonor de Lancastre, viúva do rei D. João II. Daí para frente as Misericórdias se espalharam pelo império português, sendo sistematicamente criadas nas principais cidades e vilas do próprio reino ou fundadas em território ultramarino.
Por incrível que pareça, a estrutura das Santas Casas do século XXI é a mesma do compromisso original, criado pela rainha portuguesa na década de 1490, o que quer dizer que é das criações mais bem-sucedidas, desenvolvidas pelo ser humano.
No Brasil grande parte da saúde pública é suprida pelos chamados hospitais filantrópicos, a maioria deles Santas Casas, espalhadas pelos mais diversos cantos do País, que prestam serviços para o SUS, sendo por ele remuneradas.
Cada Santa Casa é uma Irmandade autônoma, com estatuto, gestão e identidade própria, não havendo vinculação entre as centenas de Santas Casas existentes no Brasil. Quer dizer, apesar de todas serem Santas Casas, elas não fazem parte de um conglomerado médico-hospitalar, nem há vinculação entre elas. Cada uma é absolutamente independente para traçar sua linha de ação e gerir seu patrimônio. A maior de todas as irmandades brasileiras é indubitavelmente a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ao contrário do que muita gente pensa, ela é absolutamente privada, não tendo qualquer participação estatal, como também não tem qualquer ligação direta ou indireta com a igreja católica. Além disto, ela é muito maior do que o quarteirão comumente chamado "Santa Casa", no bairro de Vila Buarque, no centro de São Paulo.
Ao todo, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo administra sete unidades médico-hospitalares, além de um dos maiores bancos de sangue do País. Como se não bastasse, é responsável por uma das melhores faculdades de Medicina brasileiras, o que faz com que seja um grande hospital universitário, atualmente com 600 residentes completando seu aperfeiçoamento profissional em suas instalações.
Para dar alguns números que mostrem a sua ordem de grandeza, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo faz 2 milhões de atendimentos anuais, dos quais 50 mil são cirurgias, das mais simples às mais complexas, inclusive sendo comuns transplantes de órgãos, alguns inéditos no País. Em razão disto, a Santa Casa de São Paulo é referência em várias áreas da Medicina, entre elas as urgências médicas, ortopedia, pediatria, etc.
Finalmente, ela é responsável direta pela gestão do maior pronto-socorro paulistano, que, ao contrário do que se vê nas televisões, é um exemplo de ordem, sem as cenas chocantes de pacientes esperando em macas pelos corredores.
Este complexo, que tem permanentemente ocupados 2 mil leitos, é tocado por 9.700 funcionários, dos quais 1.400 médicos. Uma organização deste porte custa muito dinheiro e é aí que campanhas como as da Y&R e da DPZ são fundamentais: o que o SUS paga é insuficiente. Sem a iniciativa privada para completar o pago pelo governo, fica difícil fazer os investimentos para manter a qualidade do atendimento médico-hospitalar da população mais carente.