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Paraíba: Paralisação tem adesão de novos especialistas do SUS

A paralisação dos cirurgiões especialistas que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais de Campina Grande, iniciada no começo desta semana, ganha novos seguidores e engrossa a lista de profissionais médicos que suspenderam, por tempo indeterminado, a realização de cirurgias eletivas nas unidades.

Dos 15 traumatologistas que atendem pelo SUS no município, seis fizeram adesão ontem pela manhã à greve dos 60 especialistas. Todos trabalham na Clipsi Hospital Geral. Os outros nove que prestam serviço no Hospital Antônio Targino (HAT) estão analisando a possibilidade de suspenderem suas atividades. Também houve adesão de três otorrinolaringologistas credenciados ao SUS. Esses profissionais estão realizando apenas os atendimentos de urgência e emergência.

O reajuste de 100% solicitado pelos médicos está sendo justificado pelos baixos valores pagos pelo Ministério da Saúde (MS) através do SUS, conforme Geraldo Antônio de Medeiros, diretor da Sociedade Médica de Campina Grande. Há casos de procedimentos cirúrgicos em que são pagos R$ 6,02 ao médico responsável, como acontece com um cateterismo cardíaco em criança. Com o reajuste, o procedimento passaria a custar R$ 12,04 ao Ministério da Saúde.

De acordo com a Sociedade Médica de Campina Grande, com as novas adesões sobe para cerca de 75 o número de participantes da greve. A classe reivindica o reajuste nos valores pagos pela produção médica nos hospitais de Campina Grande, numa compensação de dez anos de defasagem. "Isso serve para a população perceber que o nosso movimento é justo. São procedimentos complexos e que exigem um alto grau de responsabilidade.
Estamos lidando com vidas e recebemos valores baixíssimos por isso", destacou Geraldo Medeiros. Os dados da sociedade mostram ainda que, para realização de uma cirurgia de hérnia, o médico recebe R$ 31. Em casos de redução de fratura de antebraço, o valor pago ao profissional é de R$ 4,86. Uma cesariana custa ao SUS o valor de R$ 38. Casos mais complexos como uma cirurgia de pulmão ou de próstata vale ao médico o pagamento de R$ 70 a R$ 100 e R$ 60, respectivamente.

Para se ter uma idéia, destacou Medeiros, Campina Grande dispõe de aproximadamente 13 otorrinolaringologistas, sendo que os três que fizeram adesão à greve são os únicos do município que ainda atendem pelo SUS. Já o Hospital Antônio Targino, onde trabalham nove traumatologistas que ameaçam paralisar suas atividades, é responsável por quase 70% dos atendimentos de ortopedia e traumatologia do município.

Desde o início da paralisação até hoje, a previsão é de que pelo menos 50 cirurgias tenham sido suspensas. Por semana, disse Medeiros, são realizadas até 60 cirurgias. Ele disse que, no caso do Antônio Targino, onde são realizadas até 20 cirurgias por dia, o número caiu para seis ontem, mesmo assim nas urgências e emergências. "Continuamos esperando um contato da secretaria municipal de Campina Grande para conversar com a classe e tentar buscar uma solução o mais rápido possível", frisou Geraldo.