contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Região de Telêmaco Borba ficará sem UTI

O Hospital Dr. Feitosa, de Telêmaco Borba, comunicou oficialmente, nessa quinta-feira, que pretende desativar os seus 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Único a prestar tal atendimento em toda a região, o hospital justifica, em nota divulgada à imprensa, que passa por dificuldades financeiras decorrentes da baixa remuneração paga e que a instituição sozinha não consegue manter o serviço. Em 1.º de setembro, a instituição já havia pedido o seu descredenciamento do SUS quanto aos demais serviços, com o que todos os usuários do sistema público poderão deixar de ser atendidos a partir de novembro caso não haja sensibilidade do Poder Público.

“O Hospital vem suportando prejuízos mensais na ordem de R$ 50 mil para a manutenção da UTI, não recebendo qualquer subsídio financeiro por parte da Prefeitura de Telêmaco Borba ou dos municípios vizinhos, cujos habitantes também utilizam, em considerável monta, nossos serviços”, diz o comunicado. Ciente de que a União, o Estado e o Município são responsáveis pela saúde pública, o Hospital Dr. Feitosa enviou várias propostas à Prefeitura de Telêmaco e à Secretaria Estadual de Saúde, para complementação das verbas, tentando evitar assim o fechamento da UTI.

Após várias reuniões com autoridades da Saúde de toda a região, sem chegar a nenhum acordo, o Hospital tomou a decisão de suspender os internamentos em UTI a partir do dia 24, determinando a data de 31 de outubro para desativação de todo o serviço. A partir de 4 de novembro, pacientes internados serão transferidos para outras unidades. “A inércia das autoridades competentes em apresentar soluções seria o suficiente para levar ao caos o atendimento à saúde no Hospital Feitosa (…). Todavia, a situação de precariedade e de constantes perdas chegou ao seu limite, não sendo mais possível ao Hospital, ainda que com recursos próprios, garantir a devida, satisfatória e segura prestação do serviço de saúde”, informa a direção.

A administração do hospital salienta que todos os esforços foram feitos para evitar o encerramento da unidade e que esta foi uma medida extrema tomada devido à gravidade da situação. “Sempre estaremos abertos a negociações, para evitar este malefício à saúde pública”, reitera a administradora-geral do Hospital, Olga Schlusaz. A Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar) expressou solidariedade à posição do estabelecimento, reconhecendo as razões que são idênticas às que têm levado ao fechamento ou descredenciamento de hospitais em todo o Estado. A baixa remuneração do SUS é o principal problema e foi o que motivou o movimento de protesto no começo da semana por parte das santas casas de todo o País. José Francisco Schiavon, presidente da Fehospar, prevê grandes dificuldades na assistência à população em toda aquela região.

Todos atendimentos suspensos

O dia 31 de outubro também é a data limite que o Hospital Dr. Feitosa estabeleceu para encerrar seus atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Devido a dificuldades encontradas para manter a pediatria, a entidade foi obrigada a pedir o descredenciamento total dos serviços do SUS. "O Hospital aguardou dois meses, até que a administração municipal tomasse providências para resolver a situação. Permaneceremos aguardando resposta da Prefeitura, quanto à possibilidade de complementação de verbas, até o próximo finaol do mês, quando expira o prazo para rescisão contratual”, diz a direção.

O Dr. Feitosa ainda informa que, não havendo solução, a entidade irá buscar a suspensão total do atendimento ao SUS através dos meios legais cabíveis. “Não queríamos esta situação”, ressalta a administradora-geral Olga Schlusaz. “Embora seja uma entidade privada, o hospital disponibiliza 70% de sua capacidade de atendimentos nas especialidades básicas e 100% da capacidade de atendimentos da UTI aos pacientes beneficiários do Sistema Único de Saúde”, conta, esclarecendo que o descredenciamento do SUS, como o fechamento da UTI, decorre da baixa remuneração que é paga pela União. Somente de janeiro a agosto, o hospital realizou 8.342 procedimentos de internação, assistindo pacientes de Telêmaco Borba, Imbaú, Ventania, Curiúva, Ortigueira, Reserva, Tibagi, Figueira, Sapopema e Ibaiti.

Primeira e única unidade hospitalar instalada em Telêmaco Borba, há 40 anos, o Hospital Dr. Feitosa vem chamando a atenção desde o começo do ano para a possibilidade de suspender seus serviços de UTI e ao SUS. O primeiro problema que surgiu foi a seção de pediatria pelo SUS, que segundo a administração do hospital, estaria sem profissionais para atender somente pelo valor repassado pela União. Impedidos de fechar somente uma seção, no início de setembro o Dr. Feitosa pediu o descredenciamento total dos serviços do SUS. Ou seja, anunciou que não pretende atender mais pacientes pelo serviço público. Para que as autoridades do município resolvessem o problema, foi estabelecido um prazo de dois meses, que vence agora.

Ao mesmo tempo, o problema da UTI agravou-se com a suspensão de repasse de verba de quase R$ 13,5 mil que era feito pela empresa Klabin. O dinheiro subsidiava o pagamento dos médicos plantonistas e o contarto existente acabou em setembro, não sendo renovado.