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Relação álcool x trabalho afeta economia

A dependência química, especialmente o alcoolismo, continua sendo um dos fatores que mais prejudica a relação empresa x empregado – sem levar em conta os problemas pessoais, domésticos e sociais que a bebida e as drogas também trazem para o paciente. Pelo menos 65% dos acidentes de trabalho e das causas que produzem queda de produtividade nas empresas estão relacionadas com a dependência química, informa Sonia Beraldi de Magalhães, coordenadora de gestão sócio-organizacional do Serviço Social da Indústria (Sesi).
“A situação vem se agravando”, ressalta a coordenadora do Sesi no setor voltado para prevenir e tratar questões relacionadas à dependência química nas indústrias paranaenses. Os empregados comprometidos com a bebida faltam dez vezes mais ao trabalho do que os trabalhadores que nunca manifestaram o problema. A bebida é a terceiro causa de absenteísmo (faltas) no trabalho, conforme estatística da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (Abad). Além disso, segundo as estatísticas, pessoas com dependência alcoólica costumam atrasar mais ou sair mais cedo do trabalho, além de freqüentarem dezesseis vezes mais os serviços da área de saúde. Os problemas envolvendo alcoolismo aparecem como a oitava causa de concessão de auxílio doença no sistema de saúde brasileiro. Sonia Magalhães informa que existem estudos confirmando que o consumo de álcool e outras drogas comprometem, entre custos direto e indireto, o equivalente a 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Dados do Conselho Nacional de Trânsito, por outro lado, indicam que 65% dos acidentes de trânsito apresentam indícios de embriaguez. Em Curitiba, as estatísticas dos hospitais Cajuru e Evangélico indicam que 90% dos casos de violência que dão entrada nos respectivos prontos-socorros indicam sinais de alcoolização. Sonia frisa que o envolvimento com bebidas começa muito cedo, aos doze ou treze anos de idade.
Prevenção
Atualmente, o tema “deixou de ser tabu” nas empresas e na sociedade, ressalta a coordenadora do Sesi. A dependência química hoje é tratada nas empresas de forma integrada: uma questão laboral e também de saúde. Dados de pesquisa mostram que de cada um real investido na cura e na prevenção do alcoolismo, quatro reais retornam para as empresas através de maior produtividade, menor absenteísmo e melhoria do ambiente de trabalho. As pesquisas mostram que o dependente, em geral, se mostra irritadiço no trabalho.
O Sesi estimula as empresas do sistema das indústrias do Paraná a implementar projetos voltados para o tratamento e a prevenção do problema de dependência de álcool. Cada vez mais se leva em conta o conceito de responsabilidade social e a qualidade de vida dos funcionários como fator de crescimento da empresa. O “Programa de prevenção ao uso de álcool e outras drogas” do Sesi trabalha com a proposta de levar todo o corpo funcional da empresa a refletir sobre o problema.
Metodologia
O Sesi usa uma metodologia parecida com a indicada por órgãos como a Organização Mundial do Trabalho. Para isso, emprega a simbologia do semáforo para avaliar o grau de comprometimento dos parceiros: verde – sem dependência; amarelo – para maior consumo; vermelho – para dependentes.
A metodologia utiliza a unidade de 15 ml de álcool, que corresponde a um copo de cerveja ou uma taça de vinho, como medida básica. Homens que tomam até doze doses de bebida por semana, de forma espaçada, estão no sinal verde. Para as mulheres a quantidade é menor: nove doses. Quem bebe acima de oito a vinte unidades por semana está no sinal amarelo. Precisa se reeducar. Quem está acima de vinte já é considerado dependente.