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RS: Paralisação de médicos e hospitais

    Ao abrir a entrevista coletiva do Movimento Mais Saúde para os Hospitais, marcada para reafirmar a paralisação do dia 27, segunda-feira, o presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, informou que os diretores técnicos dos hospitais filantrópicos que assinaram o termo de adesão à Contratualização terão de explicar a forma como será feito o repasse dos honorários aos médicos. “Os valores referentes à remuneração dos médicos não podem ficar atrelados aos recursos globais do hospital. Se os diretores técnicos assinaram a adesão sem essa separação, sofrerão sindicância ética no Conselho”, afirmou Becker.    
     Segundo o presidente do Cremers, “no dia 27 haverá menos gente desassistida do que ocorre normalmente, tal a crise que atinge o sistema de saúde pública”. Becker observou que uma consulta médica com clínico geral pelo SUS custa R$ 2,55, enquanto a consulta com especialista está em R$ 7,55. “Só esses números já demonstram a necessidade de providência imediatas do governo. Se a paralisação de segunda-feira não for suficiente, vamos estudar os próximos passos do movimento.”
     A entrevista, realizada esta tarde no Cremers, teve a participação de todos os integrantes do Movimento. O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS, Júlio Matos, disse que a paralisação é uma medida drástica tomada depois de percorridas todas as instâncias que poderiam resolver a crise que atinge os hospitais. “Demos todos os prazos aos gestores. Essa paralisação do dia 27 é um grito dramático para sensibilizar as autoridades e mobilizar a sociedade em defesa do SUS. São mais de 7 milhões de gaúchos que dependem do SUS. Hoje, são 15 mil pessoas no Estado esperando por cirurgias de baixa e média complexidade, enquanto os hospitais trabalham com prejuízos. Um déficit acumulado de 82%”, afirmou Matos. Os hospitais filantrópicos respondem por 70% do atendimento pelo SUS.      
     O presidente do Simers, Paulo Argollo, lembrou que o Estado tem obrigação constitucional de aplicar 12% do orçamento na saúde, mas investe apenas 6%, contrariando inclusive decisões judiciais. “Estamos chegado ao limite da degradação da saúde pública no Rio Grande do Sul. A situação está ficando insustentável”, enfatizou Argollo, admitindo a possibilidade de uma greve dos médicos.      
     O vice-presidente do Cremers, Cláudio Franzen, destacou que o governo não destina os recursos da CPMF à saúde, como deveria ser. “A rigor a CPMF vai para o caixa único. Sua arrecadação deveria ser acrescentada em sua totalidade ao orçamento da saúde, mas ela é incorporada ao orçamento, e ainda assim parcialmente. Na prática, não vai nada para a saúde”, concluiu Franzen.      
     Participaram também da entrevista coletiva, que teve a presença de um grande número de jornalistas, o diretor da Amrigs, Paulo Marroni; Maria Helena Lemos da Silva, presidente do Conselho Estadual da Saúde; Milton Francisco Kempfer, presidente da Federação dos Empregados em Serviços de Saúde do Estado do RS, entidade que congrega 100 mil trabalhadores; e Sérgio Vallim, diretor administrativo do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS.