Ocorre assim: um executivo entre 45 e 55 anos de idade, bem-sucedido, vivendo em grande estilo, no auge de sua carreira, ativo no trabalho, reconhecido e com um alto salário, repentinamente descobre um câncer, ou tem um acidente vascular cerebral, ou enfarta.
Está aí quem vai construir a inflação dos custos dos planos de saúde. Quem conta a história é Francisco Bruno, executivo da Mercer, uma das maiores empresas internacionais na consultoria de benefícios.
Segundo Bruno, esse cliente não dá um centavo de despesa ao plano de saúde até ocorrer a tragédia. "Ele não vai ao médico, não faz exames, não se cuida porque não tempo", diz. Quando muito, ele faz o chek up anual da empresa porque é compulsório. Mas ele também não faz exercício físico, não se alimenta adequadamente e, é claro, está sempre estressado. Em outras palavras, está no grupo de risco, mas até então não representou custo para o plano de saúde. No entanto, quando vai usar o plano, ele consegue desequilibrar toda a carteira e, como explica Bruno, é um risco que o sistema não quer.
O custo da saúde é extremamente sério e vem sendo estudado por prestigiadas universidades por todo o mundo. Segundo Bruno, uma boa notícia é que, nos Estados Unidos, já há estudos que detectaram que aqueles que conseguem chegar bem aos 70 anos de idade, não têm problemas hereditários e têm uma rotina saudável de exercícios e alimentação, não está criando grandes custos para o sistema. Essa pessoa, segundo Bruno, terá vida longa e saudável, sem precisar utilizar os caros serviços médicos e hospitalares.
Vidas devastadas por doenças não são uma história nova para Bruno. Ele contabiliza em sua longa experiência neste ramo o testemunho de alguns desses casos e pode assegurar: é uma verdadeira tragédia.
A vida muda completamente da noite para o dia. Mas, o que é ainda pior, assim como não cuidou da própria saúde, em geral esse executivo também não prestou atenção às finanças. Veja bem, ter as contas em dia não é sinônimo de solvência. Um golpe como esse pode colocá lo em sérias dificuldades se o custo fixo de sua família estiver fora dos padrões considerados razoáveis.
Assim, a família vai passar por um choque de realidade e em geral não gosta do que vê. Como conta Bruno, é uma família acostumada a gastar bem. Portanto, essa família sofre duplamente, porque não poderá estar concentrada em amenizar a dor que atinge a todos.
A família não é rica como pensa que é, nem tem tanto prestigio como aparentava ter. Com credores nos calcanhares, deprimida com a brusca queda na receita e com o orçamento destroçado, esse será um momento duro para todos.
É certo que um planejamento financeiro não o protege desses acidentes. Mas ter a vida em ordem vai ajudá lo muito se você precisar atravessar esses ou outros imprevistos. Melhor do que isso, no entanto, é que o planejamento e uma vida financeira equilibrada vão contribuir para que você tenha mais tempo para se cuidar, viver menos estressado e aproveitar bons momentos com a família e amigos.
Trabalhar com prazer faz um bem danado para o corpo e a mente, segundo todos os especialistas. Mas, para que isso ocorra, você precisa fazer o que gosta. Outro ponto relevante é que produtividade não é sinônimo de trabalhar à exaustão. Além de não contribuir para seu bem estar físico e mental, o estresse reduz sua produtividade, o que não é nada bom para seu futuro na empresa.
Mas se você está pressionado pelas demandas de consumo qual a sua alternativa?
Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro O Assunto é Dinheiro, escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg
E mail: mara.luquet@valor.com.br