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ANS teme crise em planos que atendem 5 milhões

São 400 pequenas operadoras com dificuldades para ter ganhos financeiros

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está mantendo marcação cerrada sobre 400 pequenas operadoras de planos de saúde, com menos de dois mil usuários em cada uma. A preocupação é com a saúde financeira desses planos que atendem de três a cinco milhões de pessoas, o que representa de 10% a 15% do total de 38 milhões de usuários da saúde suplementar em todo o País.

O problema é que, com poucos usuários, estes pequenos planos têm dificuldade em ter ganho de escala. Partindo da premissa de que na saúde suplementar todos pagam para que alguns usem, se uma única pessoa precisar de internação hospitalar mais prolongada, as finanças da empresa podem ser profundamente abaladas e colocar em risco a viabilidade do negócio.

Segundo Alfredo de Almeida Cardoso, diretor de Normas e Habilitação de Operadoras da ANS, a agência tem feito o acompanhamento financeiro dessas operadoras. “Tentamos atuar preventivamente para evitar grande número de problemas”, afirma ele.

Nesta semana, a ANS abriu processo de liqüidação extrajudicial do plano de saúde Interclínicas de São Paulo. A operadora, no entanto, não é pequena, tem mais de 190 mil usuários e, portanto, teria supostamente garantido o ganho de escala.

Custos

Com os pequenos planos, o problema é ainda mais grave. Segundo Cardoso, a evolução dos custos assistenciais vem crescendo em todo o mundo. Além disso, no Brasil, as empresas precisaram enfrentar ainda os custos decorrentes da formalização exigida pela regulamentação do setor em 1999.

“Para fazer face a esses custos crescentes tem que ter escala. Por isso, a preocupação com as operadoras com pequeno número de usuários”, afirma Cardoso. Ele ressalta, porém, que algumas destas pequenas empresas estão em excelente situação financeira.

Arlindo Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), admite o problema com as pequenas operadoras. Ele reclama dos altos custos e da ampliação da cobertura dos planos ocorrida após a regulamentação.

“Alguns têm dificuldades de atender exigência como a realização de transplante, por exemplo”, afirma ele. O risco de insolvência existe, de acordo com ele, inclusive porque há uma crise de financiamento na iniciativa privada como um todo.

Segundo Cardoso, o que a ANS vem fazendo para tentar evitar a quebra de operadoras de pequeno porte é incentivar a fusão de duas ou mais empresas. Com isso, elas podem dividir custos administrativos e melhorar o seu ganho de escala.