contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Artigo: Impactos da nota fiscal eletrônica, a NF-e

 

Em que pese a motivação maior do fisco de apelar para meios cada vez mais eficientes de poder e controle sobre os contribuintes e de aumento da arrecadação, tornando-se virtualmente uma super-receita, desta vez uma iniciativa traz compensações paralelas que tornam pelo menos digerível a intenção primeira. A nota fiscal eletrônica (NF-e), implantada por etapas, começando por grandes grupos, sopra ventos de modernização no País.
As empresas e, intimamente ligada a elas, a atividade contábil, sofrem há muito com a parafernália de exigências fiscais, rotinas estressantes, montanhas de papéis, guias, formulários, notas, carimbos, assinaturas, processos amarrados, idas e vindas a balcões de órgãos para solicitar e entregar documentos. Finalmente, uma medida de impacto contra esse conjunto de coisas: a NF-e elimina uma série de procedimentos; corta gastos com impressão de blocos de notas, transporte, armazenagem, digitação; agiliza trocas de informações; aumenta a confiabilidade dos dados; dispensa a guarda de documentos…
À NF-e se sucederão outras medidas que unificarão os órgãos, permitindo o compartilhamento e o cruzamento instantâneo de informações sobre a movimentação de matérias-primas e mercadorias.Tanta transparência vai exigir que as empresas cuidem mais da qualidade dos seus dados e que os contabilistas revejam algumas práticas. Concluído o sistema, o fisco terá acesso em tempo real a dados contábeis das empresas, decretando assim a morte dos livros diário e razão.
O fim da escrituração contábil e fiscal, porém, como é feita hoje, longe de ser uma perda, é uma oportunidade para que os contabilistas mudem a postura, o foco de ação, cresçam, avancem no perfil que os novos tempos vêm sugerindo à profissão, elaborando ainda peças essenciais como os balanços, aplicando os princípios fundamentais da contabilidade, mais importantes às gestões.
Redução das obrigações fiscais, regulamentações excessivas e burocracias é uma das principais bandeiras da classe contábil nos últimos tempos. E o caminho é, sem dúvida, a informatização, a simplificação de processos, a padronização de sistemas e a criação de redes integradas e acessáveis por meio de certificação. São esses, a propósito, os elementos que inspiram a Rede Nacional de Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), proposta que tramita no Congresso Nacional, oriunda do setor contábil. Como é, o sistema fiscolegal representa um grande atraso para o País.
Novas tecnologias são, pois, sempre bem-vindas. Apenas requerem ajuste, adaptação. Não adianta fazer como o desenhista que invadiu a central de produções da Rede Globo, no último dia 25, querendo convencer a emissora a usar em suas vinhetas desenhos feitos à mão como os seus e não por computação gráfica.
Em sua longa história, a contabilidade sempre assimilou o impacto de novas ferramentas, novas práticas, novos conceitos. Com o advento da informática então, chegou-se a prever o fim da atividade, o fechamento dos escritórios, já que programas de computador passaram a fazer, com rapidez e eficiência, muitas tarefas contábeis. O único a ser sepultado, no entanto, foi o guarda-livros, aquele profissional que registrava tudo manualmente em papel.

 

As inovações da era digital são um convite para que os contabilistas dediquem-se mais a tarefas de análise, pesquisa, interpretação, projeção, previsão, consultoria, assessoria e auditoria, muito mais produtivas aos setores público e privado, e bem mais interessantes à sociedade, pela racionalidade e visibilidade final aos recursos, riquezas e patrimônios – elementos que, bem administrados, podem revolucionar a vida humana.

 

 

   Contador, empresário da contabilidade e presidente do CRCPR; e-mail: mauricio@crcpr.org.br