Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes critica falta de controle ao tráfico desses medicamentos
Ouso de remédios para emagrecer aumentou 500% no Brasil desde 1998. O índice consta no relatório anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), lançado ontem. O documento aponta, também, a falta de cooperação entre as polícias estaduais e federais no combate ao tráfico de drogas. Mas elogia o progresso no controle de produtos químicos para a produção de drogas ilícitas no País.
De acordo com o professor Elisaldo Carlini, membro da Jife e diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), remédios para emagrecer são usados por 2 milhões de brasileiros, sendo 95% dos consumidores do sexo feminino. “Esses produtos são mais uma fonte de lucro do que de saúde”, critica. Segundo Carlini, esses medicamentos podem trazer sérios problemas à saúde e causar dependência.
controleNo Brasil, o consumo de remédios para emagrecer diminuiu entre 1994 e 1997, quando o controle da prescrição desses medicamentos era rígido e a fiscalização intensa. “A partir de 1998, houve relaxamento, causando aumento do abuso dessas substâncias”, afirma o professor.
A relação entre demanda e oferta de drogas ilícitas é destacada pelo relatório. A busca por essas substâncias estimula a oferta, que aumenta o número de dependentes. “A repressão não é suficiente no combate às drogas. Coibir algo sem dizer por que não é eficaz. A redução da demanda deve ser feita com esclarecimentos”, explica Carlini.
O relatório da Jife faz um estudo da produção, tráfico e consumo de substâncias ilícitas nos cinco continentes. Entre as principais preocupações está a venda ilegal de medicamentos pela internet. As farmácias online vendem substâncias controladas sem exigência de receita médica, muitas vezes fabricadas em laboratórios clandestinos.
Giovanni Quaglia, representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime para o Brasil e Cone Sul, reconhece a dificuldade de se controlar a venda online. “O mercado de drogas está sempre em evolução. É um desafio para o trabalho de repressão”, comenta.
O relatório destaca mudanças na Holanda em relação à maconha. O governo daquele país pretende realizar campanhas inibindo seu uso e reconhece o prejuízo que a droga causa a usuários e à comunidade.