A realização de exames médicos poderá contribuir para o crescimento das vendas de seguro de vida no Brasil. Muita gente hoje não possui seguro de vida porque tem a proposta recusada pela seguradora por relatar no questionário médico a existência de uma doença grave. Segundo Rodolfo Wehrhahn, diretor da Transamerica Reinsurance, nos Estados Unidos apenas 3% das propostas de vida são recusadas. No Brasil esse número sobe para perto de 30%. Para ele, a diferença nos percentuais é explicada pelo conhecimento do risco. “Quanto mais conhecemos sobre o nosso segurado, mais justo será o preço cobrado”, disse Wayne Macedo, também da Transamerica.
“No Brasil, como não sabemos o risco que estamos correndo, a tendência é recusar ou cobrar um preço elevado”, comentou Patrícia Maria de Filippini, gerente de produtos de vida da Itaú Seguros, que participou da mesa de debates da palestra “Seleção de Riscos de Pessoas”, proferida no II Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, que ocorreu entre quarta e sexta-feira.
Os executivos acreditam que com a realização dos exames o seguro de vida terá um preço mais justo para quem investe na qualidade de vida. “Mesmo as pessoas que tem algum problema genético ou pré-existente, que hoje são rejeitadas pelas companhias, terão a chance de ter uma apólice, com uma taxa mais agravada”, disse o executivo da Transamerica Re, que negociou um contrato automático para o IRB Brasil Re disponibilizar para as seguradoras interessadas em ofertar seguros de vida com taxas diferenciadas a seus clientes. Planos personalizados
Se houver essa mudança na cultura brasileira, tanto das seguradoras exigirem o exame médico e não apenas a declaração de saúde, a tendência é a migração dos clientes de planos coletivos, que tem uma taxa única, para planos individuais, com taxas personalizadas.
Nilton Molina, presidente do conselho da Mongeral Seguros e da Icatu Hartford, acredita que será uma tendência. “As seguradoras deverão solicitar exames de clientes que querem um capital acima de US$ 100 mil”, disse. Segundo ele, o número de exames solicitados pela companhia tende a crescer na mesma proporção do volume de importância segurada. “Quanto maior o risco, maior a precaução”.
Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, disse que realmente a solicitação de exames deverá ser uma prática do mercado no futuro. “Para nós da Bradesco, que temos uma pulverização muito grande do risco em função do tamanho da nossa carteira bem como pela abrangência nacional de vendas, o questionário de saúde é suficiente para nosso cálculo”, comentou. Segundo ele, o ramo individual deverá registrar crescimento em função do esgotamento de apólices empresariais. “Não acredito na migração por enquanto”, complementou.
Já os executivos da Transamerica acreditam no potencial de vendas de seguro de vida para pessoas físicas. “Vejam o sucesso das vendas de planos de previdência para pessoas físicas, com os produtos VGBL e PGBL. Os consumidores compram o produto quando sentem que ele tem um valor real para elas”, acrescentou Wehrhahn.