No Dia do Idoso, o governo federal anunciou ontem que prepara o lançamento de um plano nacional para combater a violência contras as pessoas com mais de 60 anos. Ainda sem prazo para divulgação, o objetivo do plano é combater a violência e os maus-tratos, além de garantir os direitos das pessoas com 60 anos ou mais e criar no país uma cultura de respeito aos mais velhos.
A iniciativa prevê ações conjuntas entre a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e os ministérios da Saúde, Educação, Previdência, Justiça, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, entre outros. As propostas deverão incluir iniciativas de melhoria da rede de atenção à pessoa idosa e de combate à impunidade aos maus-tratos.
No momento, as ações mais importantes que estão sendo realizadas tratam de oficinas para capacitar profissionais que trabalham na área de atendimento ao idoso. A primeira ocorre em 22 de outubro em Rondônia. No dia 23 é a vez do Acre. O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso é responsável pelo cadastro dos interessados em participar da especialização. O conselho espera treinar cerca de três mil pessoas em todo o Brasil.
Iniciativa
Enquanto o governo prepara suas ações, a sociedade civil toma a frente e busca formas de melhorar a vida de quem passou dos 60 anos. Os dançarinos da terceira idade da 312 Norte ensaiam sem pressa os passos de dança que fará parte das comemorações do grupo para o dia nacional do idoso. A data oficial foi ontem, mas eles só vão comemorar junto com os familiares no dia 17 de outubro. Isso porque alguns parceiros estão viajando. No espírito de ”a união faz a força”, um ensina ao outro por meio da dança de salão a lidar com os problemas de quem passou dos 60 anos.
Quem os vê animados não imagina os momentos difíceis passados pela maioria. ”Eles chegam aqui com quadro de estresse da terceira idade – solitários e deprimidos. A dança ativa o sistema imunológico e estimula a produção de serotonina e endorfina. Com isso, o organismo elimina cerca de 70% das enfermidades”, explica Lucimara Cavalcante, uma das coordenadoras do trabalho.
Teresinha Dantas Barreto, 72 anos, chegou ao grupo após sofrer uma isquemia cerebral – bloqueio de circulação sangüínea em veias ou artérias do cérebro – em 2002. Quando começou, não conseguia se equilibrar e sentia fortes dores de cabeça. Em fevereiro deste ano, o marido, Otávio Ferreira Barreto, resolveu acompanhá-la para que Teresinha não fosse aos bailes sozinha. ”Nunca tinha dançado na minha vida, agora aprendi e estou quase boa”, afirma Teresinha.
Conhecido como “O encanto das águas”, o projeto busca por meio da dança de salão ajudar os idosos a praticarem exercícios para o físico e a mente. A atividade desenvolvida nas instalações da Academia Paulo Dubois, na comercial da quadra, reúne duas vezes por semana pelo menos 15 participantes. Eles são orientados por quatro especialistas das áreas de dança, terapia holística – massagem, acupuntura e florais -, psicologia e educação física. Ao todo, já passaram pelo projeto 60 pessoas.
CURSO
Inscrições para as oficinas de capacitação de assistência ao idoso: Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – 429-3598
Lei garante dignidade
Aprovado por unanimidade após tramitar por sete anos no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 3.561/97 instituiu o Estatuto do Idoso. E apesar de estar em vigor há nove anos, ainda causa polêmica quanto à sua aplicação. O estatuto regulamenta os direitos das pessoas com mais de 60 anos, define medidas de proteção a essa faixa etária, além de obrigações das entidades de atendimento e situações nas quais caberão penalidades.
Entre os principais pontos do Estatuto está o direito a desconto de pelo menos 50% nas atividades culturais, de lazer e esportivas. Também a gratuidade nos transportes coletivos públicos, a prioridade na tramitação dos processos e procedimentos judiciais.
A lei proíbe a discriminação dos planos de saúde, com a cobrança de valores diferenciados em razão da idade. O poder público fica obrigado a fornecer gratuitamente medicamentos, especialmente os de uso continuado.
Pelo Estatuto, as pessoas com mais de 65 anos que comprovarem não ter condições de se sustentar, bem como suas respectivas famílias, poderão receber um salário mínimo. A questão dos maus-tratos está prevista no Estatuto, que também disciplina as obrigações das entidades de assistência ao idoso. Abandoná-lo em hospitais ou casas de saúde acarretará detenção de seis meses a três anos.
Por uma vida melhor
Caminhada
Caminhe de três a cinco vezes por semana, de 40 a 60 minutos. Se não puder caminhar por uma hora seguida, faça duas etapas separadas de 30 minutos.
Procure uma companhia para essas horas. Vá a pé a lugares não muito distantes, como mercado, banco, farmácia.
Evite ladeiras e pisos irregulares.
Atividades na água
Brinque na água, caminhe, mexa braços e pernas. Mas só pratique natação e hidroginástica com acompanhamento de um profissional.
Os exercícios são benéficos apenas quando não causam cansaço excessivo, falta de ar nem qualquer outro desconforto.
Memória
Não se isole, participe de bailes, cursos e passeios, freqüente clubes, aprenda coisas novas. Exercite sempre a memória. Leia jornais, assista à televisão e ouça rádio.
Alimentação
Faça no mínimo quatro refeições ao dia – café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Não pense em pular uma ou mais refeições, comendo tudo de uma vez só, e nem troque o almoço e o jantar por lanches ou café com leite.
Evite sal em excesso, temperos industrializados, gorduras de origem animal (banha, sebo, toucinho) e frituras.
Use à vontade temperos naturais como alho, cebola, ervas como salsa, manjericão, coentro.
Tome de seis a oito copos de água por dia.
Remédios
Só médico pode receitar remédios, a dose, horário e período necessário.
Não pare de tomar seu remédio por conta própria. Caso ele provoque mal-estar, procure logo o médico.
Não tome remédio fora do prazo de validade.
Não acredite em ”fórmulas” milagrosas contra excesso de peso, calvície, falha de memória e problemas sexuais.
Nunca tome remédio por conta própria, seguindo conselhos de amigos ou balconistas de farmácia
A cartilha completa está na página do Ministério da Saúde, no www.saude.gov.br. Também está disponível nos centros de saúde do SUS com distribuição gratuita.
Fonte: Cartilha Viver Mais e Melhor, do Ministério da Saúde e Núcleo de Pesquisas da Radiobrás