Os R$ 2 bilhões desviados pela Máfia do Sangue seriam suficientes para construir 11 fábricas para produzir hemoderivados, com capacidade para manipular, cada uma, 400 mil litros de plasma por ano. De acordo com os dados do projeto de lei encaminhado à Presidência da República em outubro do ano passado pelos ministros Humberto Costa (Saúde) e Guido Mantega (Planejamento), “estudos internacionais projetam um investimento de aproximadamente US$ 55 milhões para a implantação de uma fábrica”. Ao câmbio de ontem, a cotação mais alta da moeda americana frente ao real desde abril do ano passado, o dinheiro desviado representa US$ 622.277.535.
Diretora técnica do Hemocentro do Rio (Hemorio), a hematologista Clarisse Lobo diz que estudos do Ministério da Saúde concluíram que apenas uma fábrica seria suficiente para dar conta da demanda no Brasil. Além do Estado do Rio, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo disputam sua instalação.
– Há cinco anos fizemos um estudo para instalar a fábrica no Rio e o investimento necessário seria de US$ 60 milhões. Estimamos que a produção estaria a pleno vapor em quatro anos e, após esse período, em três anos o investimento se pagaria – diz a médica.
Há pelo menos uma década discute-se a implantação da fábrica de hemoderivados no Brasil. Em 2001, o governo federal assinou convênio com uma empresa suíça e outra francesa para a fabricação de albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação no exterior com o plasma que sobra no Brasil após o uso clínico, por falta de fábrica para processá-lo no país.