É inegável a crise vivida pelo setor de saúde nos últimos anos. Ao mesmo tempo, não há como negar que os avanços tecnológicos trouxeram numerosos benefícios à saúde, mas essa performance tem um preço alto, especialmente para os hospitais. Entre 1974 e 2005, os gastos do País com saúde aumentaram de 5% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB), com os avanços tecnológicos impulsionados pelos elevados custos da indústria farmacêutica e dos fabricantes de órteses e próteses.
A partir da Constituição de 1988 os tratamentos de saúde tornaram-se gratuitos. Porém, na prática, isto não acontece. Atualmente, 39 milhões de pessoas possuem algum plano de seguro-saúde e assistência médica. A participação das unidades privadas no atendimento à população já é superior a 60% em todas as regiões do Brasil. Há tempos, esses hospitais particulares, que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS), sofrem com os valores defasados que recebem do governo federal, mesmo com reajustes recentes na tabela de procedimentos. Em média, para cada R$ 100 gastos, o valor repassado pelo Ministério da Saúde é de R$ 60.
Dizem que saúde não tem preço; mas seu custo é alto. É imprescindível combater o desperdício e ser mais eficiente. E um dos remédios mais eficazes é a gestão estratégica, capaz de solucionar males crônicos, como a existência de leitos excedentes. Paralelamente, governo e seguradoras precisam entender que procedimentos de alta complexidade custam caro. É necessária uma revisão dos mecanismos de financiamento, inclusive dos planos de saúde, e a substituição dos atuais modelos de alocação de recursos.
(Gazeta Mercantil – Eduardo de Oliveira)