Os que participaram ou conhecem o Sistema de Saúde no Brasil ao longo das últimas quatro décadas sabem da profunda preocupação que envolve a todos que trabalham neste segmento.
As duas vertentes que dominam o contexto atual, Sistema Único de Saúde (SUS) e os planos de saúde estão determinando uma queda de qualidade no atendimento médico-hospitalar em suas várias facetas, apesar de muitos progressos que ocorreram na área da medicina preventiva.
À exceção da ilha de excelência no atendimento para onde se socorrem as classes de elevado poder aquisitivo, a maioria da população brasileira, principalmente os menos privilegiados, que buscam o Sistema Únicode Saúde, sentem na própria pele o desprezo, a desqualificação, a falta de respeito ao direito do cidadão quando, principalmente na condição de fragilidade determinada pela própria doença. Ficam ao sabor da sorte e do acaso.
Na dos planos de saúde, todos os prestadores de serviços, do médico ao hospital, percebem as inconsistências das linhas de sustentação mantenedoras de um arcabouço constituído por normas, portarias e leis criadas sob a égide da ocasião, longe de um projeto no qual se obtenha os frutos da experiência, vivência, conhecimento compartilhado de todos os atores numa amplitude e abrangência capazes de oferecer um padrão de segurança e confiabilidade aos cidadãos.
Isso porque as decisões de gabinete têm o travo do poder, o sofisma da verdade absoluta, são pobres por não terem a riqueza do diálogo amplo e democrático.
Todavia, o otimismo é fundamental e deverá sempre prevalecer e nos fazer acreditar de que em algum momento possamos sair de uma situação que caminha a passos largos para um conflito de interesses de conseqüências imprevisíveis.
Urge que se faça uma reflexão séria, profunda e imediata, dentro e fora do governo, para uma tomada de posição, deixando de lado a passividade irresponsável, uma cegueira de quem não quer ver e uma insensibilidade alimentada pela trivialidade do erro mesmo resultando em vidas que se esvaem, numerosas, às centenas e diariamente, nos corredores dos hospitais públicos.
Infelizmente, na áreada saúde, vivemos um estado de guerra sem armas, silencioso, mas nem por isso menos cruel.
Sebastião Fernandes Vieira é Presidente da FederaçãoNacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess)