contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

Saúde suplementar: Papéis confusos

A falência do Estado levou de roldão os sistemas públicos de saúde nos anos 80, que até então gozavam da confiança da população. Assim, cada vez mais empresas e setores da classe média com capacidade para poupar buscaram se prevenir contratando serviços particulares, geralmente planos de saúde, alguns dos quais estruturados como seguro.

Ainda que muitas vezes sejam administrados por empresas, que naturalmente visam ao lucro, os planos de saúde proporcionam barateamento considerável dos serviços porque o custo é rateado entre todos os participantes. Se esses serviços tivessem de ser pagos individualmente, sem ter por trás uma contratação coletiva, talvez se tornassem inacessíveis para a grande maioria dos que hoje recorrem a hospitais, clínicas, laboratórios e médicos particulares.

O relacionamento entre administradores dos planos, participantes e prestadores dos serviços médico-hospitalares exige regras de convivência que, no Brasil, são definidas por legislação e acompanhadas por um órgão regulador (ANS). No entanto, não é possível confundir tais serviços com um sistema público.

Um sistema não deve e não pode substituir o outro. Além de desempenhar algumas atividades que lhes são próprias (pronto-socorro, por exemplo), os sistemas públicos de saúde devem estar disponíveis no mínimo para atendimento dos que não têm hoje capacidade de poupar, e que ainda se constituem na maioria da população. Se os papéis se misturarem, o sistema particular corre o sério risco de se deteriorar, sem que o público se recupere.