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Há 50 anos, uma revolução: o primeiro transplante de órgão

NOVA YORK – Quando Robert Phillips, um caminhoneiro da Virgínia, estava morrendo de insuficiência renal em 1963, sua irmã Ruth leu no jornal sobre um transplante de rim de mãe para filho em Denver. Ruth ligou para os médicos. Ela poderia doar um de seus rins ao irmão?

Exames revelaram que os tipos sanguíneos dos irmãos não eram compatíveis. Mas os médicos concordaram mesmo assim em levar Phillips, então com 37 anos, a Denver para a cirurgia altamente experimental, na esperança de dar-lhe os “dois bons anos” que ele desejava. Quarenta e dois anos depois, Phillips é o mais antigo sobrevivente de transplante do mundo. Ainda tem o rim da irmã. Aposentou-se em 2000, sem nunca ter tirado um dia de licença por motivo de saúde. No mês passado, recebeu três pontes de safena. Mas o rim, afirma ele, vai muito bem.

Esta quinta-feira marcará o 50.º aniversário do primeiro transplante de órgão bem-sucedido, de rim de um doador vivo, realizado em Boston em 1954. Ao longo dessas cinco décadas, os cirurgiões aprenderam como transplantar praticamente todos os órgãos vitais do corpo humano. Também trataram de transplantar partes do corpo não vitais, incluindo, mais recentemente, a mão. No futuro, transplantes de rosto, ainda objeto de controvérsia, provavelmente serão possíveis: no mês passado, a Clínica Cleveland tornou-se a primeira instituição a receber autorização para a cirurgia.

Desde 1982, pelo menos 416.457 americanos receberam novos rins, corações, fígados, pulmões, pâncreas e intestinos para prolongar suas vidas e aliviar seu desconforto. Avanços em cirurgia, medicação, anestesia e tratamento intensivo aumentaram a longevidade e a qualidade de vida dos pacientes. E os cirurgiões agora fazem transplantes até em pacientes com doenças como diabetes, rejeitados no passado. Os cientistas também melhoraram as técnicas de preservação de órgãos de cadáveres e desenvolveram drogas anti-rejeição e antibióticos mais eficazes.

“O avanço do transplante dos primórdios até o estado atual parece um conto de fadas, uma fantasia que virou realidade graças à coragem de nossos pacientes”, disse Thomas E. Starzl, um cirurgião de transplantes pioneiro que liderou a equipe que operou de Phillips e agora está na Universidade de Pittsburgh. “A verdade é que nos anos 50 nenhum de nós desconfiava das alturas a que o transplante chegaria e do modo como ele mudaria a medicina. Os transplantes tiveram efeitos secundários sobre todos os aspectos da sociedade, como aceitação dos critérios para morte cerebral, aprovação das leis de doação e crescimento da ética biomédica.”

Na Ásia, mulher recebe 7 órgãos de uma só vez

SUCESSO: O primeiro transplante simultâneo de sete órgãos na Ásia foi feito no Hospital Ruijin, de Xangai, informaram ontem os cirurgiões que realizaram o procedimento. A paciente, Lu Xiao, de 38 anos, recebeu no dia 12, de um só doador, fígado, pâncreas, vesícula, estômago, baço, duodeno e cólon. A operação durou 14 horas e envolveu cerca de 30 médicos e assistentes.

A paciente está bem e não apresentou qualquer rejeição séria. Os EUA fizeram a primeira intervenção desse tipo no mundo em 1989, e menos de cem já foram feitas.